Veja aqui o que muda no campo com certificação contra a aftosa
O Brasil é agora é, oficialmente, um território livre de febre aftosa sem vacinação, status foi reconhecido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária após a certificação ser alcançada durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal, realizada em maio na França. O Paraná, que já é território reconhecido há quatro anos, também foi beneficiado pela decisão, pois comércio e o trânsito animal no Estado serão facilitados com maior segurança na negociação e transporte dos animais.
A partir desta segunda-feira (16) os animais suscetíveis à febre aftosa podem transitar em todo o território nacional contanto que apresentem os documentos que comprovam a sanidade do rebanho. Até o momento da publicação do ofício pelo Mapa, o trânsito de bovinos, bubalinos, suínos, caprinos e ovinos era restrito aos estados do Acre, Rondônia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de 14 municípios do Amazonas e cinco do Mato Grosso.
O chefe do Adapar (Departamento de Saúde Animal da Agência de Defesa Agropecuária), Rafael Gonçalves Dias, explicou o que muda de forma prática após o ofício. "Os produtores de animais bovinos vindos de outras áreas, como São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso Sul, estados que pararam a vacinação e tiveram o reconhecimento agora em maio, até então não podiam transitar os animais no Paraná. Estávamos com essa diferença de estados sanitários e não havia possibilidade de entrada desses bovinos, como era antes do Paraná receber a certificação em 2019", esclarece.
Além de facilitar o transporte animal em todo o território nacional, a certificação também é um passo importante para a conquista de novos mercados. Países asiáticos como o Japão e a Coreia do Sul exigem a certificação de região livre de febre aftosa sem vacinação para realizar acordos comerciais relacionados à compra de carne e outros derivados.
Sobre o transporte dos animais, a chefe da Divisão de Controle da Rastreabilidade Animal da Adapar, Maira Polatti Tomaz Sypniewski, destaca que todo o território nacional passa a ter a mesma condição sanitária em relação à febre aftosa, mas que a entrada de animais no Paraná ainda depende da comprovação de cuidados sanitários. "Ressaltamos que toda movimentação de animais deve estar acompanhada da Guia de Trânsito Animal e dos demais documentos sanitários exigidos, de acordo com as legislações federal e estadual vigentes", afirma.
Outro benefício a ser destacado é a diminuição dos custos de vacinação. Segundo o Mapa, aproximadamente 244 milhões de animais não precisarão ser vacinados, o que representa uma economia próxima de R$ 500 milhões. Atualmente, o Paraná é o maior exportador de proteína animal do país, dado que explicita a importância das medidas de proteção em todas as etapas de diversas cadeias produtivas.
Mas com a certificação internacional, novos desafios surgem, como é o caso da implementação dos processos de vigilância ativa baseada em risco e da atualização periódica dos rebanhos. Além disso, órgãos de defesa agropecuária deverão direcionar seus esforços para a habilitação de frigoríficos no quesito de eficiência e eficácia da produção, qualificando os estabelecimentos para a exportação. Por isso a fiscalização deve continuar a ser feita normalmente. (Foto: José Fernando Ogura/AENPR)