Idalina merece, Dom Mauro não
Nem o isolamento imposto pela pandemia tem sido capaz de conter a ânsia dos vereadores de Cascavel em batizar bens públicos com os nomes de pessoas falecidas, algumas merecedoras, outras nem tanto. Uma breve pesquisa no próprio site da Câmara, a propósito, é suficiente para confirmar que há anos assunto algum de real interesse público, por mais relevante que seja, tem ocupado mais espaço que esse tipo de iniciativa na pauta ordinária da Casa.
E nesta semana, mesmo com a repercussão (negativa, claro) do demagógico caso do correntão, que chegou a estremecer as relações entre a Câmara e a Prefeitura, essas homenagens uma vez mais ocuparam generoso espaço na imprensa por conta de dois episódios, um positivo e outro negativo para a imagem dos legisladores.
O positivo foi dar o nome da saudosa ex-primeira-dama Idalina Barreiros ao Restaurante Popular inaugurado na manhã desta sexta-feira (9), no Bairro Santa Cruz, pelo prefeito Leonaldo Paranhos, pelo secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, e pelo deputado estadual Gugu Bueno, dentre outras autoridades. Trata-se de uma justíssima homenagem a uma mulher que, nos oito anos em que o marido Salazar administrou a cidade, sempre teve atuação destacada em favor da parcela mais pobre da população e, por isso mesmo, mais necessitada da mão amiga do poder público.
E a negativa, claro, foi a apresentação de projeto dando o nome de Dom Mauro Aparecido dos Santos ao Cemitério Central. O fato de familiares do arcebispo falecido em fevereiro deste ano e representantes da Igreja Católica terem sido previamente consultados sobre o assunto não minimiza o mau gosto da iniciativa. Por sua atuação como peregador da palavra de Deus, convenhamos, o arcebispo é merecedor de uma homenagem que remeta à vida e não à morte. (Foto: Vanderlei Faria)