Coopavel Ano 34: ganhar o mundo com foco no associado e no cliente
Ao dizer antes do evento que o Show Rural Coopavel de 2004 traria inovações extraordinárias, o coordenador Rogério Rizzardi não estava brincando nem apenas recorrendo a um recurso de propaganda.
Além de bater mais um recorde de público, levando ao Centro de Experimentação e Treinamento Agropecuário (Ceta) quase 140 mil visitantes e 260 expositores, houve a inauguração da Casa da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que por si só cumpriu a promessa do organizador.
Um show à parte, a Casa reuniu 21 unidades da Embrapa, apresentando experimentos premiados em várias partes do país. O público se extasiou com o algodão naturalmente colorido apresentado pela Embrapa Algodão, originária de Campina Grande (PB), a lã de ovelha crioula tingida com corantes naturais, experiência de Bagé (RS), e várias outras novidades.
Números em cascata
O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, sempre preferiu ver os resultados técnicos e sociais das iniciativas da Coopavel antes de números de comercialização ou faturamento, mas por ser impressionantes não há como evitar comparações com o passado.
A Coopavel entrou em 2004 com o balanço referente ao ano anterior apontando um faturamento de R$ 653 milhões. Desse total, 63% vieram dos produtos industrializados, ou seja, resultaram da correta aplicação da estratégia de privilegiar investimentos em valor agregado.
Aliás, na época a Coopavel investia mais de R$ 20 milhões por ano. Outro foco da cooperativa - a exportação - resultou em ganhos de 38 milhões de dólares, equivalente a 20% do faturamento.
Enfim, o Mercosul
Em 2004, a cooperativa realizou o primeiro negócio, envolvendo 400 toneladas de carne, com países do Mercosul.
"O trabalho de embarque foi acompanhado pelo diretor presidente da cooperativa Dilvo Grolli e pelo gerente do Frigorífico de Suínos (Frisuinos), Ismar Xavier. Conforme Dilvo Grolli, as vendas para Mercosul são muito importantes para a cooperativa para consolidação do setor de carne suína no exterior, a exemplo do que já aconteceu com os produtos do complexo soja e com a carne de frango, hoje presentes em mais de 30 países" (Revista Suinocultura Industrial, 18/4/2004).
Para o gerente, Ismar Xavier, o frigorífico de suínos da cooperativa, que abate 1.500 animais/dia, foi construído com o padrão universal de abate e processamento, visando à qualidade total do produto, o que o credencia para o comércio mundial.
O foco no mundo, a considerar pelas declarações do presidente Dilvo Grolli, é uma orientação central.
"No mercado externo há muito a ser explorado. O segredo é a qualidade dos produtos, o custo competitivo e a logística de cada empresa e cada país, isto está fazendo a diferença. O Brasil só precisa desonerar as empresas dos entraves burocráticos e de impostos, este é o grande desafio. Mas isso precisa ser rápido, o país não pode ficar crescendo 1% ao ano, enquanto a necessidade é de 6% a 8% ao ano"(Declarações à revista Momento Brasil, 11/2003)
Questão de sobrevivência
O crescimento que o país precisa, em sua ótica, só é possível com visão para o mercado externo, importante para a geração de empregos, com o que vem o aumento da renda das pessoas que vivem aqui e do próprio consumo no mercado interno.
"O grande canal do Brasil está no mercado externo, partindo de suas potencialidades agropecuárias. As empresas e as cooperativas, médias e grandes, devem participar do mercado externo, não como opção, mas como questão de sobrevivência. O mercado externo é exigente sim, mas nos próximos anos, o mercado interno também terá as mesmas exigências. Em poucos anos, ambos os mercados serão muito parecidos".
Associar números impressionantes ao Show Rural se tornou frequente. Em apenas dois dias de Show, o Banco do Brasil financiou R$ 30 milhões, quase R$ 11 milhões a mais do que em toda a edição do evento do ano anterior.
Também impressionante, o número de crescente de visitantes causou uma pressão sufocante sobre a estrutura viária e de transportes. "Entendemos que uma cidade que tem 300 mil habitantes e que passa a ter 430 em uma semana, terá algumas dificuldades", observava Dilvo Grolli. É como receber uma cidade extra a cada ano.
Prêmios se acumulam
A Coopavel também ganhava prêmios extras. Em 26 de março, o vice-presidente Rudinei Carlos Grigoletto recebia em Curitiba em nome da cooperativa o prêmio de melhor empresa do setor agrícola do Paraná, apontado em avaliação do Serviço Nacional de Pesquisa de Opinião Pública (Senap). Era o segundo ano consecutivo de premiação.
Em julho, mais uma conquista: o Prêmio Cooperativa do Ano 2004, da revista Globo Rural e OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) na categoria intercooperação. Reconhecia a importância da parceria entre a paranaense Coopavel e a Carpil, de Alagoas.
Na avaliação da comissão julgadora, a distância (3 mil e 400 quilômetros) não é impedimento para uma parceria de resultados. As duas se beneficiaram de um programa de transferência de tecnologia, com formação e treinamento de pessoas, que melhorou a vida dos alagoanos e abriu mercado para a Coopavel no Nordeste.
"A intercooperação é o caminho para a inclusão tecnológica e comercial das cooperativas em países em desenvolvimento", anotaram os julgadores.
O agronegócio vai além
Marcelo Bressan, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), fez em abril de 2004 uma palestra na Acic em que assinalou a real dimensão do agronegócio na formação do PIB cascavelense: 34%. "Ou seja, 4% a mais do que a cadeia representava para a economia do País"(Sindicato Rural de Cascavel, Uma História de Paz, Produção e Progresso).
Em 15 de dezembro de 2004, a Cooperativa Agropecuária de Cascavel (Coopavel) muda de nome. Passa a se denominar Cooperativa Agroindustrial de Cascavel, mas mantém a sigla.
Nesse ano, o evento mais comemorado pela Coopavel foi o início do projeto Água Viva, de recuperação de nascentes. O cuidado ambiental era mais um dos focos dos cooperados.
Com tantos focos, quais seriam os principais? Para Dilvo Grolli, "diria que o foco da Coopavel é no associado e no cliente". (Leia amanhã: Show Rural, estrutura aprimorada)
Fonte: Projeto Livrai-Nos!