Coopavel Ano 28: ruralistas se destacam na vida pública
Em 15 de janeiro de 1998 se encerrava o triênio de Dilvo Grolli e Ibrahim Faiad à frente da Coopavel, respectivamente como diretor-presidente e diretor vice-presidente da cooperativa.
O mandato foi renovado por mais três anos, mas por conta das tratativas do ano eleitoral, o governador Jaime Lerner procurou assegurar o apoio dos ruralistas do Oeste à sua reeleição chamando Faiad para se integrar ao governo, como seu chefe de gabinete.
Faiad usou bem o período em que esteve na função, participando dos trabalhos de estruturação da Agência de Fomento do Paraná, de forma a contemplar o repasse de recursos públicos aos agricultores do Estado para desenvolver suas atividades.
Em mais um estrondoso sucesso, o Show Rural Coopavel de 1998 contou com a participação de 120 empresas e o impressionante, na época, número de 50 mil visitantes, considerando que Cascavel tinha uma população ao redor de 230 mil habitantes.
Manobras eleitorais
O peso eleitoral da região era óbvio: nesse ano, o Oeste superava a marca de um milhão de habitantes, equivalente a 11,5% da população total do Paraná, com 80,5% da população vivendo nas cidades e 19,5% na zona rural.
Uma população que segundo estimativas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) trabalhou para construir um PIB regional próximo de R$ 6 bilhões, ou cerca de 11% da economia paranaense, com potencial de avanço maior que o das demais regiões do Estado.
A base de todas as transformações ocorridas nem Cascavel e região no último quarto de século foi, inegavelmente, a agropecuária.
Na cena política, o presidente Fernando Henrique Cardoso havia manobrado sua reeleição, anteriormente proibida pela Constituição, e Jaime Lerner rumava para a reeleição com o Brasil ameaçado por mais uma crise econômica.
Em Cascavel, havia dois prefeitos: para metade do eleitorado. O prefeito era o diplomado e em exercício, Salazar Barreiros. Para a outra metade, poderia vir a ser Edgar Bueno, que requereu a recontagem dos votos das eleições de 1996.
O quase empate entre dois dos mais importantes líderes ruralistas de Cascavel dimensiona bem o peso da agropecuária na liderança social da comunidade.
A consolação de Bueno
A Justiça Eleitoral, depois de muita discussão, finalmente procedeu em 5 de abril de 1998 à recontagem dos votos da eleição de 1996, quando o ex-presidente da Coopavel, Salazar Barreiros, venceu por apenas 151 votos de diferença. Com a recontagem, confirmou-se a vitória de Barreiros por 157 votos a mais: 42.467 a 42.310.
Em abril, outro importante líder ruralista e empresarial cascavelense, Eduardo Sciarra, assume a Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Turismo do Paraná.
Em setembro, já sem mais a menor dúvida de que era o prefeito de fato e de direito, Salazar Barreiros inaugurava a Escola de Treinamento Agropecuário (Agropec), em área de 81 alqueires às margens da BR-277. A escola recebeu o nome de Maria Afonso Costa, mãe do prefeito.
Nas eleições, o eleitorado deu a Edgar Bueno a consolação de voltar à Assembleia Legislativa, de onde organizaria os esforços para uma consagradora eleição à Prefeitura, dois anos depois.
Colhendo frutos
A Coopavel comemorava que seu Frigorífico de Aves, inaugurado em dezembro de 1994, alcançou em 1998 a marca de 130 mil aves/dia, 95% da capacidade total.
Prosseguiam as obras dos frigoríficos de suínos, para abate de 1,5 mil cabeças ao dia, e de bovinos, para 200 cabeças, plantas industriais distribuídas em área construída de 34,5 mil metros quadrados, resultado do investimento de R$ 22 milhões, também inteiramente com recursos próprios, como ocorreu com o frigorífico de frangos.
"Há muitos anos" disse o presidente Dilvo Grolli, "fizemos a opção pela verticalização da economia da cooperativa, e os resultados estão aí" (entrevista a Edson Mazzetto, Folha de Londrina, 3/71998).
Ao verticalizar, ocorre a transformação da proteína vegetal em proteína animal. A ração produzida pela própria Coopavel, processando 1,1 milhão de sacas de soja e 4,3 milhões de sacas de milho, vai alimentar as aves, suínos e bovinos que serão abatidos.
Para isso, a fábrica de rações foi dotada de tecnologia atualizada, com a qual teve a capacidade aumentada de quatro mil toneladas para doze mil. (Leia amanhã: Frigorífico polivalente, uma realidade para o ano 2000)
Fonte: Projeto Livrai-Nos!