DEM tenta enquadrar Bolsonaro e se dá mal
Por décadas a fio desde a propalada redemocratização do País, o MDB (depois PMDB e agora MDB novamente) deu as cartas e jogou de mão no governo e dele desfrutou tudo que pôde. E desfrutou de forma tão desmedida que três de seus principais líderes foram parar atrás das grades acusados da prática de corrupção: Eduardo Cunha em 2016 e Michel Temer e Moreira Franco no ano passado.
Bem antes disso, sob a liderança de Temer e outras de suas muitas eminências pardas, o MDB decidiu virar as costas para o PT, partido com o qual governou e se locupletou segundo apurou a Operação Lava Jato, mas não conseguiu aliar-se a nenhum outro partido que o mantivesse como inquilino privilegiado do poder.
O enfraquecimento do "Velho de Guerra"abriu uma lacuna rapidamente ocupada por outro partido com DNA governista. O DEM, originário da Arena, depois PFL e que mais recentemente adotou a marca Democratas para maquiar um passado cheio de problemas, praticamente escriturou o Congresso Nacional em seu nome e, de quebra, pensou ter plantado um tentáculo inabalável no Palácio do Planalto ao emplacar Onyx Lorenzoni como poderoso ministro-chefe da Casa Civil.
Sempre sob as rédeas dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, David Alcolumbre, o partido foi longe demais e tentou encurralar o presidente da República reduzindo o poder do Executivo (vide orçamento impositivo) e tentando influenciar diretamente nas decisões do governo. Resultado: na tarde desta quinta-feira (13) levou um tremendo chega-prá-la de Jair Bolsonaro, que usou sua rede social para tornar pública a decisão de colocar o general Walter Souza Braga Netto no comando da Casa Civil.
Lorenzoni continuará no governo, mas agora irá comandar o Ministério da Cidadania, uma pasta bem menos expressiva que a Casa Civil. Nessa função ele substituirá ao deputado federal Osmar Terra, do MDB do Rio Grande do Sul, que reassumirá seu mandato na Câmara. (Foto: Marcelo Camargo/AGBR)