Bom dia tristeza
J. J. Duran
A grande maioria de nós indo-americanos é pessimista por natureza. Quando enfrentamos um fato espinhoso, é comum anteciparmos análises negativas dos resultados. Somos problemáticos e incansáveis criadores de problemas, o que desde os primórdios tem contribuído para sermos engolidos pelos triunfalistas forâneos.
Por isso, diante do menor contratempo xingamos a mãe Pátria e a fazemos culpada pelas nossas desgraças e nossas posições no cenário globalizado como filhos de países periféricos, terceiro mundistas, cuja única culpa recai em nossa própria indolência como cultivadores de benefícios com o menor esforço possível.
Existe apenas uma minoria que agradece à terra natal por ter sido seu berço, valoriza o sentimento fraterno de seus irmãos e prega incansavelmente a resiliência frente às divergências circunstanciais.
No longínquo abril de 1972, o saudoso Tancredo Neves disse da tribuna da Câmara Federal, que "evocar a memória de Milton Campos é reverenciar a dignidade, a cultura e o civismo brasileiro numa das expressões de raro e singular relevo".
O mineiro da mata fugiu ao biotipo dos homens públicos autoritários, voluntariosos, intransigentes, afirmativos e autossuficientes.
Os governantes sem louros míticos ou do passado progressista sempre fizeram gestões benéficas para o povo, trabalhando estritamente dentro da linha humanista que proclamaram.
Tomara todos nós indo-americanos pudéssemos deixar de seguir presos ao passado e às premonições do futuro e contribuir de maneira eloquente e significativa para reacender a chama da fraternidade e da esperança para gerar tempos melhores a todos os injustiçados sociais.
É imperioso criar uma nova consciência e nos reunirmos numa mesma mesa para trabalhar em benefício de todos e não das minorias privilegiadas.
Lembrem-se os derrotistas que o "bom dia tristeza" não cabe mais na estreita moldura de uma sociedade até hoje marginalizada, na qual as desigualdades são parte do rosário pagão dos discursos oficiais.
Dias cruéis são todos aqueles em que a esperança se esgota em cada criança morta pela estupidez dos que governam. (Foto: iStock)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel e do Paraná