Bolsonaro lamenta vitória da oposição na Argentina
"Lamento. Eu não tenho bola de cristal, mas acho que a Argentina escolheu mal. Não pretendo parabenizá-lo. Agora, não vamos nos indispor. Vamos esperar o tempo para ver qual é a posição real dele na política, porque ele vai assumir, vai tomar pé do que está acontecendo e vamos ver qual linha que ele vai adotar".
Foi literalmente com essas palavras que Jair Bolsonaro se referiu nesta segunda-feira à eleição de Alberto Fernández como novo presidente argentino, tendo como vice a ex-presidente Cristina Kirchner. O comentário foi feito na saída dos Emirados Árabes, onde o presidente brasileiro estava desde sábado.
Confirmando o que se esperava, Fernández derrotou o atual presidente, Mauricio Macri, por uma margem segura, mas não tão grande quanto apontavam as pesquisas feitas na véspera da eleição de ontem. Com 97,4% das urnas apuradas, ele tinha 48,02% dos votos, contra 40,46% de Macri.
Bolsonaro também disse que pretende manter relações bilaterais com a Argentina, mas que o país vizinho pode ser isolado do Mercosul caso o novo presidente interfira no acordo do bloco com a União Europeia.
"Não digo que sairemos do Mercosul, mas poderemos juntar com o Paraguai. Não sei o que vai acontecer com o Uruguai, vamos ver o que vai ser nas eleições do Uruguai, e decidimos se a Argentina fere alguma cláusula do acordo ou não. Se ferir, nós podemos afastar a Argentina. A gente espera que nada disso seja necessário. Espero que a Argentina não queira na questão comercial mudar o seu rumo", concluiu Bolsonaro.
HISTÓRICO
Fernández integrou o governo de Néstor Kirchner, entre 2003 e 2007, como chefe do Gabinete de Ministros, e continuou no primeiro governo de Cristina Kirchner, mas em 2008 renunciou em meio a uma crise e se tornou crítico da então presidente. Ano passado, dez anos depois de romperem, houve uma reaproximação entre os dois. Fernández, então, se tornou candidato a presidente e convidou Cristina para compor a chapa como vice. Ele é advogado e professor de direito penal e civil da Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires.
URUGUAI
Quando Jair Bolsonaro declarou não saber o que irá acontecer no Uruguai, que também teve eleição ontem, ele se referia ao fato de a decisão ter ficado para o segundo turno, marcado para 24 de novembro. Com pouco menos de 95% das urnas apuradas, o candidato governista Daniel Martínez tinha 40,52% dos votos e o oposicionista Luis Lacalle Pou 29,77%, enquanto Ernesto Talvi e Guido Manini Rios somavam 12,85% e 11,29%, respectivamente.