Olha o golpe. E não é o do INSS
Nem a perplexidade quase sem precedentes do Brasil inteiro com a abertura da caixa preta do INSS - que depois do cambalacho bilionário dos descontos não autorizados agora enfrenta o escândalo dos empréstimos consignados, que pode ser mais de uma dezena de vezes maior - tem sido suficiente para sensibilizar os nossos ilustres inquilinos lá de Brasília, que a cada dia que passa dão mais provas de terem patenteado o mergulho no bolso do contribuinte como nova modalidade esportiva.
Acredite se quiser, mas o tema do momento na Capital Federal nada tem a ver com a infelicidade dos nossos velhinhos aposentados e dos pensionistas garfeados por um bando de sindicalistas e servidores da própria Previdência, mas sim com a felicidade (ainda maior) dos ilustres deputados federais, que parecem não estar nem aí com o fato de o País flertar cada dia mais com a falência econômica - a moral, convenhamos, já foi decretada há bastante tempo.
Refiro-me à urgência aprovada para tramitação do projeto de lei complementar da deputada carioca Dani Cunha redefinindo o número de parlamentares com base na população, uma exigência do Supremo Tribunal Federal a ser cumprida até 30 de junho a partir do aceite da Suprema Corte a uma ação do governo do Pará.
Uma vez aprovado o referido projeto, que é o que tem 100% de chances de acontecer, a Câmara passará a ter 527 deputados, contrariando assim a decisão do próprio STF, que determinou apenas a redistribuição das 513 cadeiras atuais, e aumentando o já salgadíssimo custo para nós contribuintes da vida cheia de privilégios levada por essa gente toda.
Em tempo: o cascavelense Nelsinho Padovani já se manifestou contra o projeto e no caso de manutenção do número atual de deputados, Pará e Santa Catarina ganhariam quatro cadeiras cada, o Amazonas duas e Ceará, Goiás, Minas e Mato Grosso uma cada. Já as bancadas do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Piauí, Paraíba, Bahia, Pernambuco e Alagoas perderiam cadeiras. (Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)