A fome mata. A miopia também
Uma recente estimativa da ONG Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional revelou que quase 20 milhões de brasileiros não têm o mínimo necessário para fazer três refeições diárias adequadas. Equivale a dizer que quase 10% de toda população do País passa fome, algo que dói, adoece e mata.
Mas, a julgar por um ato registrado nesta semana, em Brasília, há algo que talvez mate tanto quanto a fome: a miopia ideológica de pessoas e movimentos que parecem ter verdadeira adoração pelo quanto pior, melhor.
A Via Campesina, braço dos mais radicais do MST, mobilizou um exército com cerca de 200 militantes incautos para depredar o prédio que abriga, em Brasília, as sedes da Aprosoja e da Abramilho, entidades representativas dos produtores de soja e milho.
Denominado “Jornada Nacional da Soberania Alimentar: Contra o Agronegócio para o Brasil não passar fome”, o ato, segundo seus organizadores, buscou denunciar "o protagonismo que o agronegócio cumpre no crescimento da fome, da miséria e no aumento do preço dos alimentos no Brasil".
Talvez fosse melhor ser surdo a ouvir tal justificativa, algo sem pé nem cabeça e que apenas agrava um radicalismo que não interessa ao Brasil, muito menos aos brasileiros de bem.
Ora, não fosse o agro o Brasil seria um país-continente tomado pela miséria, além do que a soja e o milho, além de alimentos humanos, são principais ingredientes da cadeia alimentar animal, origem de grande parte da comida que chega em nossas mesas e que, no caso específico do Paraná, em 2020 respondeu por nada menos que 80% de todas as exportações.
Alto lá, pois não se faz caldo matando a galinha dos ovos de ouro. (Imagem: TV JCO)