Esquerda latino-americana fica órfã de José Pepe Mujica
A verdadeira esquerda latino-americana, bem diferente dessa representada por Lula e o PT, está de luto. Faleceu na tarde desta terça-feira (13), aos 89 anos, José Pepe Mujica, que governou o Uruguai entre 2010 e 2015. "Presidente, ativista, referência e líder", resumiu o atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi.
Desde abril do ano passado Mujica lutava contra um tumor no estômago e que se espalhou no início deste ano. Ainda ontem, a esposa Lucía Topolanky antecipou que ele estava em estado terminal e que sua morte era uma questão de horas.
Batizado José Alberto Mujica Cordano, Pepe era natural de Montevidéu e foi um dos líderes do grupo revolucionário Tupamaros na década de 1960, quando chegou a ser ferido por quatro vezes em confrontos com forças policiais. Mais tarde, foi preso e passou 14 anos atrás das grades antes de ser libertado e eleito presidente.
Seu período na prisão ao longo da ditadura foi marcado por torturas e condições precárias, sendo mantido por longos períodos na solitária. Ele era um dos presos considerados "sequestrados" pelo regime - e seria executado sumariamente caso os Tupamaros retomassem as atividades de guerrilha.
Em seu governo o salário mínimo uruguaio teve um aumento de nada menos que 250%. O único "senão" foi o fato de, em 2012, ter proposto a legalização do consumo e da venda da maconha, que acabaram se concretizando.
Depois de deixar a presidência ele ainda se elegeu senador, cargo que ocupou até 2020, quando renunciou por motivos de saúde. Os últimos anos de sua vida foram marcados apenas pelos cuidados com a própria horta e pela doação da maior parte de sua aposentadoria (calcula-se que 90%) aos projetos de combate à pobreza. (Foto: Comunicação Governo do Uruguai)