Professor Lemos x Pacheco
O leitor que já passou dos 50 ou 60 anos de idade certamente se lembra de uma brincadeira de infância - de péssimo gosto, diga-se de passagem - que dominava o tão aguardado recreio, independente da escola em que cursava o ensino primário. “Bateu a sineta, é hora da colheita”, dizia o espertinho de plantão ao meter a mão nas bolinhas de gude dos colegas e sair correndo para não levar uns sopapos.
Guardadas as devidas proporções, parece ser isso que o deputado Professor Lemos está ameaçando fazer com o projeto do também deputado cascavelense Marcio Pacheco ao ameaçar recorrer aos tribunais para jogar por terra o projeto regulamentando o ensino domiciliar, aprovado ontem em segunda discussão pela Assembleia Legislativa do Paraná.
“A escola permite à criança ter contato com outras crianças de sua idade. Com quem é diferente. Permite esse convívio com a diversidade que forma a sociedade em que vivemos. Impedir a criança de frequentar esses espaços é coloca-lá em uma redoma e isso faz mal”, defendeu Lemos, no que não está de todo errado.
Acontece, porém, que o chamado homeschooling, iniciado nos EUA nos idos de 1970 e já uma pratica testada e aprovada em mais de 60 países, não impede a criança de ir à escola, apenas cria aos pais a condição de ensiná-la em casa quando julgarem que aquela escola estiver tentando fazer dela massa de manobra em nome de pregações ideológicas totalmente questionáveis e nada cristãs. Além do mais, isso só será permitido, de acordo com o projeto, com a devida supervisão para assegurar que o aprendizado não seja prejudicado.
A vida em sociedade é uma escola da qual ninguém deve prescindir, mas apenas quando dela se possa extrair bons ensinamentos. E, salvo engano, não é bem isso que oferecem muitas das escolas de hoje em dia, após terem sido aparelhadas política e ideologicamente ao longo dos últimos anos em desacordo com os valores cristãos que norteiam desde sempre a sociedade brasileira.