Vander Piaia para liquidar Cettrans é escolha técnica
Desde semana passada, quando vazou o convite de Leonaldo Paranhos para que Vander Piaia conduza a gestão encarregada de liquidar a Cettrans para que ela dê lugar a uma autarquia municipal chamada Transitar, é voz corrente em muitas rodas políticas que a escolha tem relação direta com a formação de uma aliança que fortaleça o prefeito para o pleito de 2020, quando irá buscar a reeleição.
Contribui sobremaneira para isso o fato de, no início de junho passado, Paranhos ter escolhido o ex-prefeito Lísias Tomé, que é médico e servidor de carreira do Município, para liderar a implantação do PAI (Programa de Atendimento Imediato), ainda em fase de formatação.
Pode até ser que os comentaristas de plantão tenham certa razão, pois estratégias desse tipo são comuns na política. Mas uma análise mais detida sobre o assunto leva à inevitável conclusão de que a opção de Paranhos por Piaia é essencialmente técnica, ou seja, para ter como liquidante da Cettrans alguém com conhecimento do assunto.
Além de possuir graduação em Ciências Econômicas pela antiga Fecivel (1984), Piaia, que atualmente só exerce a função de professor da Unioeste, foi quem comandou a Cettrans nos primeiros meses da gestão de Lísias, de quem era vice-prefeito. E vale lembrar que foi em sua gestão, em 2005, que teve início a implantação do ValeSim como forma de sanear o rombo causado por um expressivo desvio de vales-transporte de papel, conforme registros inclusive policiais da época.
Poucos meses depois, ao trocar a Cettrans pela Secretaria Municipal de Cultura, Vander sentenciava que as mudanças implementadas por ele e que tiveram continuidade com Willian Fischer, seu substituto, garantiriam uma sobrevida de cerca de uma década à Cettrans. Foi o que se confirmou, pois passados 19 anos percebe-se que a extinção da companhia atual já chega com certo atraso tamanho o prejuízo que ela voltou a causar aos contribuintes cascavelenses.
AINDA VAI DEMORAR
A extinção da Cettrans foi avalizada ainda na semana passada pela Câmara de Vereadores, que só hoje aprovou outro projeto, também do Executivo, alterando dispositivos da Lei nº 6.792 de 2017 para que a companhia seja retirada da lista das empresas públicas do Município e substituída pela Transitar, autarquia com personalidade jurídica de direito público, autonomia técnica, autonomia administrativa e financeira, patrimônio e receita próprios.
Essa alteração legal era indispensável para que Leonaldo Paranhos possa sancionar a lei de extinção da Cettrans, o que deve acontecer antes do fim desta semana. Depois disso, há previsão legal de mais um prazo de 30 dias para o início propriamente dito da liquidação, o que significa que, caso se confirme, a nomeação de Vander Piaia ainda deverá levar um tempo razoável, além de valer por um prazo estimado de seis meses, no máximo.