Mario Abdo Menítez, o Marito, encontrou na generosidade do Brasil um bom motivo para se livrar da investida da oposição para cassar seu mandato de presidente do Paraguai. O governo brasileiro concordou em cancelar o acordo bilateral sobre a distribuição da energia produzida por Itaipu que havia sido firmado em maio e só agora veio a público, gerando uma grande crise política no país vizinho.

"Por meio de um novo documento assinado nesta quinta-feira entre representantes de seus ministérios das Relações Exteriores, Paraguai e Brasil decidiram deixar sem efeito o ato bilateral assinado em maio passado e a negociação sobre a contratação de energia elétrica da Itaipu Binacional é devolvida às instâncias técnicas", informa nota emitida pelo governo paraguaio, ressaltando que a chamada Ata Bilateral vai "voltar às instâncias técnicas para novas negociações sobre a contratação da energia elétrica de Itaipu".

Uma grave crise institucional se instalou no Paraguai por causa do acordo sobre os valores cobrados pela energia excedente da binacional que o Brasil vende ao Paraguai. Na ata, o governo paraguaio havia concordado em pagar um preço maior, o que levaria ao encarecimento da energia consumida pelos paraguaios.

Na noite de ontem, a Mesa de Partidos da Oposição decidiu iniciar o processo de julgamento político contra Marito e seu vice Hugo Velázquez, acusados de traição à pátria. Procurado pelo presidente paraguaio, Jair Bolsonaro não se furtou em ajudá-lo e acabou orientando o cancelamento do acordo. (Foto: Antonio Cruz/AGBR)