PR já trata mais viciados em drogas que em álcool
Uma conta que não fecha e cresce a cada ano. Essa é a matemática da droga no Paraná quando o assunto é saúde. O Estado gastou em torno de R$ 52 milhões com tratamento de dependentes químicos em 2018, entre programas como o SimPr (Serviço Integrado de Saúde Mental do Paraná), unidades de acolhimento, leitos psiquiátricos, serviço especializado e custeio.
Volume que tende a se intensificar se nada por for feito, já que a outra ponta da equação revela 5.928 internamentos causados por drogas apenas no ano passado, contra 4.992 de alcoolistas, invertendo uma curva histórica do Paraná e refletindo uma tendência nacional. Daí a importância da campanha "Junho: Paraná Sem Drogas", que será lançada na terça-feira (4).
Em 2018, em todo o País foram registrados 36.394 casos de transtornos mentais provocados por uso de drogas, contra 35.581 exclusivamente por álcool. Ou seja, atualmente se interna mais por causa de drogas do que por vícios em bebidas.
GIGANTESCO
Não é possível saber exatamente o número de dependentes químicos no Paraná, mas de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), se considera uma prevalência de 6% da população geral do território. Ou seja, isso representaria aproximadamente 680 mil pessoas no Estado.
Trata-se de um contingente considerado gigantesco para os 1,9 mil leitos de internação, espalhados em 13 hospitais do Estado. Vale ressaltar que, por regra, a hospitalização só ocorre quando estão esgotadas todas as possibilidades de atendimento e tratamento convencional.
"Esse governo tem por característica olhar nos olhos, por isso a necessidade de falar sobre o assunto, mobilizar e prevenir, daí a campanha ser muito relevante", afirma o secretário da Saúde."Mesmo sendo um dos estados mais bem servidos do país, temos ciência de que a estrutura precisa melhorar, por isso trabalhamos numa política de ampliação", ressalta.
POSTOS DE SAÚDE
O tratamento ou encaminhamento de dependentes começa normalmente nos postos de saúde dos 399 municípios do Paraná. Mas pode ser feito também via UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) ou diretamente nos 143 Caps (Centros de Atenção Psicossocial) existentes no Estado.
O atendimento, explica a médica psiquiatra Maristela da Costa Sousa, da equipe de coordenação de Atenção à Saúde Mental do Paraná, envolve um olhar "mais refinado"por parte dos profissionais da saúde.
De acordo com ela, é muito comum que nas fases iniciais de desintoxicação, com crises de abstinência, o usuário de drogas desenvolva outras doenças mentais, como a depressão. "Aí o cuidado tem de ser mais de perto, porque o paciente corre risco de vida", ressalta.
Ela destaca que dez Caps AD 3 são especializados no tratamento de usuários de drogas e atendem 24 horas por dia, contando com leitos de atenção integral para realizar intervenções em situações de crise sem intercorrência clínica. (Foto: Divulgação Sesa)