Dois padres e uma inspiração divina: o COOPERATIVISMO
Nos últimos anos, enquanto o Brasil enfrentava a maior crise econômica de sua história - que só agora começa a dar alguns sinais de superação - o cooperativismo conseguiu navegar ao largo da recessão. As cerca de 240 cooperativas brasileiras de diferentes setores não só sobreviveram a esse período difícil como se agigantaram ainda mais. Não por acaso, hoje são responsáveis por quase 400 mil empregos diretos e, especificamente no setor agropecuário, por um faturamento superior a US$ 200 bilhões só no ano passado.
O que poucos sabem é que a história do cooperativismo brasileiro, um dos mais importantes pilares da economia nacional, começou há mais de um século e está diretamente relacionada à atuação de dois religiosos visionários vindos da Europa para o Rio Grande do Sul e o Paraná e que aqui não se limitaram a propagar a palavra de Deus mas também, e certamente por inspiração divina, contribuir para o desenvolvimento econômico e social do País.
O primeiro nome a se destacar nessa cruzada foi o padre suíço Theodor Amstad, que chegou ao Brasil em 1885 e 17 anos mais tarde (em 1902) fundou em Nova Petrópolis (RS) a primeira cooperativa de crédito do País, hoje chamada Sicredi Pioneira.
Ele também deixou como legado um livro com as diretrizes para constituição de cooperativas, escrito antes mesmo de o governo brasileiro editar a primeira legislação sobre o tema. Falecido em 1938, Amstad deve ser reconhecido em breve como Patrono do Cooperativismo Brasileiro conforme projeto do deputado gaúcho Giovani Cherini que acaba de ser aprovado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara Federal.
LUIS LUISE
Outro religioso, mas vindo da Itália, é reconhecido como principal mentor do cooperativismo agropecuário. Padre Luis Luíse (foto) foi não só o idealizador e fundador como primeiro presidente da Copacol de Cafelândia, cooperativa nascida em 1963 com o apoio de 32 agricultores desta localidade que à época era distrito de Cascavel. Também contribuiu para a fundação da Coopavel.
"Temos que lembrar e prestar as merecidas homenagens às pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da região e o padre Luise tinha uma visão empreendedora extraordinária", destacou o atual presidente, Valter Pitol, durante missa em homenagem ao centenário de nascimento do religioso celebrada ainda em 2013.
Luis Luise, que também teve participação importante no desenvolvimento da Coopavel, chegou ao Brasil em dezembro 1946 para assumir a Paróquia de Aparecida de São Manuel (SP). Três anos depois foi transferido para Erechim (RS) e março de 1952 chegou a Cascavel, onde fundou a Igreja Matriz. Na sequência voltou a Erechim e lá ficou por dez anos, mas em 1963 retornou a Cascavel e aqui permaneceu até 2 de novembro 1987, quando faleceu vítima de um acidente automobilístico na BR 277. (Foto: Arquivo)