Cadastro positivo vai elevar crédito e aquecer a economia
O cadastro positivo, uma antiga reivindicação de entidades e empresários de todo o Brasil, depende apenas da assinatura de Jair Bolsonaro, pois o Congresso aprovou na quarta-feira o projeto que cria essa modalidade de consulta de crédito e, para entrar em vigor, agora só precisa da sanção presidencial.
A informação foi dada pelo presidente da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), Hilgo Gonçalves, em encontro com empresários na Acic. Segundo ele, o cadastro trará profundas mudanças na relação do consumidor com o crédito e o mercado, ajudando a impulsionar a economia brasileira.
"A partir disso, o bom pagador será valorizado. Conseguirá taxas de juros menores e mais prazo para pagamento", afirmou o presidente da Acrefi, que listou inúmeras vantagens que a novidade trará. Depois de anos de recuo, o crédito voltou a cresceu em 2018 (5%) e a previsão é que o aumento chegue a 8% no atual exercício.
A falta de crédito foi uma das responsáveis pela retração da economia. Hoje, 30% da renda das famílias está comprometida e 20% do que elas ganham é usado para pagar financiamentos e o serviço da dívida. Conforme Hilgo, 61% das famílias brasileiras têm algum tipo de endividamento, 23% estão com débitos atrasados e 9% delas não têm como pagar o que devem. O presidente da Acrefi tranquilizou os empresários informando que a nova agenda do Banco Central é positiva e conduzirá à retomada do crescimento. Ela é alicerçada em quatro pontos: mais cidadania financeira, legislação mais moderna, SFN mais eficiente e crédito mais barato.
INOVAÇÃO
A defesa da adoção do cadastro positivo não é novidade. Há muitos anos há tentativas no País de valorizar o bom pagador. Os trabalhos efetivos em torno dessa modalidade começaram em 2011 e ao contrário da negativação, busca-se a construção de um indicador de bom pagador. "Com esse índice, alicerçado no comportamento do consumidor de honrar com regularidade seus compromissos, aumenta-se a confiança dos bancos, que passam a oferecer condições diferenciadas a quem paga direito", disse Hilgo.
Atualmente, são 60 milhões os inadimplentes no País, que ficam devendo R$ 110 bilhões por ano. O presidente da Acrefi disse que 55% do spreed bancário é formado devido aos custos relacionados com a inadimplência, com impacto direto no bom pagador. Em países onde o cadastro positivo já existe, em média houve recuo de 43% nos débitos, redução do superendividamento e aumento da taxa de aprovação de cadastros e crédito. Também vai cair o percentual de 30% de brasileiros que não têm acesso às instituições financeiras. "Os bancos têm recursos, querem liberar crédito e usarão o cadastro positivo para fazer isso", ressaltou Hilgo.
No Brasil, o volume de crédito em relação às riquezas geradas é de 47%, enquanto que no Chile é de 102% e nos Estados Unidos é de 200%. O cadastro positivo vai alcançar mais de cem milhões de brasileiros e a expectativa é que o valor atualmente liberado dobre nos próximos anos. Hilgo deu algumas informações sobre as expectativas do mercado para a economia nacional em 2019. O crescimento do País deverá ser de 2%, o dólar deverá fechar em R$ 3,80 e a inflação ficará abaixo de 4%. (Foto: Assessoria Acic)