Ovo de galinha transgênica vira arma contra o câncer
Cientistas do Reino Unido acabam de modificar geneticamente galinhas poedeiras para produzirem ovos contendo proteína anticâncer. As aves tiveram inseridos no seu DNA um gene humano, que normalmente expressa uma proteína que controla o desenvolvimento de células cancerígenas.
A pesquisa foi divulgada pela BMC Biotechnology. Segundo a publicação, as galinhas geneticamente modificadas poderão substituir, no futuro, o uso de medicamentos sintéticos que tratam da deficiência de substâncias anticancerígenas produzidas normalmente pelo corpo humano...
O câncer, assim como outras doenças, se origina quando o organismo humano deixa de produzir naturalmente determinadas proteínas em quantidade suficiente. Os medicamentos sintéticos são usados, nestes casos, para suprir a carência dessas substâncias, embora exijam altos investimentos para serem desenvolvidos. De acordo com os pesquisadores, com a tecnologia, será possível substituir os remédios para esta finalidade por cerca de um centésimo do custo dos atuais medicamentos.
Britney, uma das aves transgênicas produzidas pelo Instituto Roslin, perto de Edimburgo, vai ser apresentada em uma conferência para a imprensa na capital escocesa nesta quarta-feira, informou o jornal no domingo.
A clara do ovo contém proteínas especiais que poderiam acelerar a busca por tratamentos para câncer de mama, ovário e melanomas, por exemplo. O instituto desenvolveu as galinhas depois de dois anos de parceria com a empresa de biotecnologia norte-americana Viragen Inc, especializada em novas terapias contra o câncer.
Segundo o estudo, cada galinha transgênica é capaz de produzir 250 ovos por ano, cada um deles com capacidade de fornecer 100 mg de proteína ou mais.
NOS EUA
A primeira galinha geneticamente modificada do mundo foi aprovada ainda em 2015, nos Estados Unidos, pela agência reguladora de alimentos e medicamentos Food and Drug Administration. A variedade, entretanto, não é a mesma que é usada para alimentação humana e produz um medicamento capaz de tratar pessoas com uma rara condição genética, a Deficiência de Lipase Ácida Lisossômica (LAL).
De seus ovos é extraída a Sebelipase alfa, enzima cujo nome comercial é Kanuma. Também conhecida como Doença de Wolman, a LAL é uma condição rara e afeta ao menos 200 mil norte-americanos. Ela é especialmente perigosa para crianças, levando recém-nascidos quase sempre ao óbito. (Foto: Divulgação)