Eletrovia vai ligar Brasil com Uruguai, Argentina e Paraguai
A maior eletrovia do Brasil existe desde março de 2018 e, embora muitos não saibam, fica no Paraná. Com 730 quilômetros, ela liga Foz do Iguaçu até Paranaguá, possui um total de 12 eletropostos de abastecimento e foi financiada com recursos da Copel e da Itaipu. Mas em breve será superada por outra ainda maior, com 905 quilômetros, e que passará pelas cidades gaúchas de Porto Alegre, Torres, Porto Camaquã, Pelotas, Jaguarão e Chuí.
Chamada de Rota Elétrica Mercosul, a nova eletrovia é fruto de um projeto a ser executado pela Universidade Federal de Santa Maria com financiamento do Grupo Equatorial Energia. A previsão é de um investimento de aproximadamente R$ 14 milhões e a conclusão está prevista para meados de 2023, integrando os quatro dos cinco países fundadores do Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul).
Isso possibilitará viajar de carro elétrico até o Uruguai, que já possui uma rota de estações de recarga, e de lá até Buenos Aires, na Argentina, pela travessia do estuário do Prata, bem como fazer a conexão com o Paraguai por meio justamente da eletrovia que vai do Litoral do Paraná a Foz e de outra de menor extensão criada pela Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina).
“A integração é o trajeto que se conecta. Além de todo o benefício ambiental na utilização de veículos elétricos, os três estados da região Sul do Brasil recebem muitos turistas que vêm do Uruguai, Argentina e Paraguai em direção ao litoral. Vamos colocar à disposição uma rota elétrica, reduzindo o custo da viagem e fazendo o turismo da região Sul ser ainda mais atrativo”, destaca a coordenadora do projeto, Alzenira Abaide, que é professora da UFSM.
No Rio Grande do Sul, as estações começarão a ser instaladas a partir do mês de outubro em locais em que já existem conveniências para que o motorista esteja em um local seguro para fazer a sua recarga. Segundo Alzenira, esta etapa do projeto levará cerca de um ano. “Depois disso tem a parte da comunicação, em que teremos um aplicativo que informa em tempo real se a estação está disponível ou se está ocupada e também a funcionalidade de reserva de horário, para evitar filas. Tudo isso já está sendo estudado e modelado. Estamos dando muita atenção ao conforto dos consumidores que vão trafegar pela rota, que em meados de 2023, já estará em funcionamento”, detalha.
Depois que as estações estiverem funcionando, será iniciada uma próxima etapa do projeto, que é analisar o comportamento das estações e fazer melhorias. “Nessa fase de testes, possivelmente não haverá nenhuma cobrança pelas recargas. A legislação relacionada à cobrança de energia, atualmente, ainda não contempla esse tipo de situação. Hoje, apenas as concessionárias podem cobrar pela venda de energia. Para o futuro, nós temos um sonho de integrar as cobranças".
Do ponto de vista técnico, as estações da Rota Mercosul terão capacidade de fazer recargas rápidas, em 30 minutos, já que as estações de recarga semirrápidas levam de 4h a 8h e as lentas podem levar de 8h a 12h, não sendo recomendadas para a estrada. (Foto: Dani Catisti/Copel)