Esporte vira ferramenta de prevenção ao suicídio
Cascavel foi abalada, no fim de semana, pela notícia de que mais um professor cometeu suicídio, uma ocorrência infelizmente cada dia mais comum e que atinge principalmente jovens.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), ao menos 32 brasileiros se suicidam diariamente, em média. E no mundo todo, aproximadamente 1 milhão de pessoas se matam a cada ano. Os números reais, no entanto, devem ser ainda maiores, pois a subnotificação é reconhecida. Além disso, especialistas estimam que o total de tentativas supera o de suicídios em pelo menos dez vezes.
Ainda segundo a OMS, nove em cada dez mortes por suicídio podem ser evitadas, desde que haja ajuda e atenção. E foi com esse objetivo que cerca de 200 pessoas acordaram cedo ontem (15) para ajudar a mostrar, na Usina de Itaipu, que o esporte pode ser um instrumento de alerta e prevenção para esse problema sério e silencioso. Elas participaram do 1º Pedal Viver e Sorrir - passeio ciclístico promovido pelo Núcleo de Apoio à Vida de Foz do Iguaçu em parceria com a Cia do Riso, como parte da campanha Setembro Amarelo na cidade.
A iniciativa teve como objetivo principal divulgar mensagens de conscientização e ajuda e, também, a adoção de práticas rotineiras de hábitos saudáveis - pedalar, por exemplo - como antídotos naturais contra as causas do ato de tirar a própria vida.
Entusiasta da causa, o diretor-geral brasileiro, general Joaquim Silva e Luna, não apenas apoiou a iniciativa permitindo a realização do evento dentro da hidrelétrica como também vestiu a camisa da ação e pedalou oito quilômetros de percurso de ida e volta entre a Barreira de Controle e o Mirante Central da usina.
"Proponho que cada um aqui assuma o compromisso de trazer pelo menos mais uma pessoa para participar da próxima edição, daqui a um ano, fazendo com essa iniciativa seja cada vez mais conhecida e as causas do suicídio, mais enfrentadas?, disse o general."Ações como essa são importantes principalmente como forma de prevenir a depressão, o isolamento e a solidão, trocando isso tudo por companheirismo, endorfina, motivação e alegria de viver", afirmou.
A jornada sobre rodas foi idealizada por Cristiane Fraga Pimenta e Daniela Rosa Mendes, que trabalham na Itaipu e são voluntárias do CVV (Centro de Valorização à Vida), a entidade promotora do Setembro Amarelo - uma campanha brasileira de conscientização sobre a prevenção do suicídio, criada em 2015. A proposta foi associar a cor (que remete à atenção) ao mês do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, lembrado em 10 de setembro.
"Por causa do Setembro Amarelo, pensamos em algo que fosse ao mesmo tempo atrativo e que pudesse provocar a abordagem da prevenção ao suicídio", lembrou Daniela. "Assim surgiu a ideia de uma pedalada, que tem a ver com saúde, bem-estar e o cuidado consigo mesmo, pois atividades físicas e de lazer ajudam a trazer equilíbrio".
Uma dose de sorte ajudou a concretizar o plano. Há alguns meses, numa manhã de domingo, as duas estavam na Avenida Paraná difundindo o trabalho do CVV quando encontraram o general, que fazia uma caminhada por lá. Foi quando se apresentaram e falaram sobre a intenção de promover um passeio ciclístico na usina. "Aceitei imediatamente", disse Silva e Luna.
Na semana que antecedeu o passeio, as duas assinaram em conjunto uma carta enviada ao general. Nas linhas cuidadosamente escritas à mão, agradeceram a atenção dada ao movimento e o convidaram a vestir a camiseta enviada junto um kit de participação, anexado à carta."Não sabíamos se ele viria, mas hoje ficamos muito felizes e honradas pela presença dele?, ressaltou Cristiane.
AJUDA PELO 188
Uma das ONGs mais antigas do Brasil, o CVV foi fundado em São Paulo em 1962 e atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio por meio do telefone 188, chat 24 horas, e-mail e até mesmo pessoalmente. Mais informações no site www.cvv.org.br.
Hoje, cerca de 3 mil voluntários, em mais de 110 postos, prestam serviço voluntário e gratuito 24 horas por dia, nos 365 dias do ano, aos que querem e precisam conversar sobre seus sentimentos, dores e descobertas, dificuldades e alegrias. De forma sigilosa e sem julgamentos, o voluntário do CVV ouve com profundo respeito, aceitação, confiança e compreensão.
Após a implantação do telefone 188, por meio de acordo com o Ministério da Saúde, que garantiu gratuidade da tarifação telefônica, a entidade registra cerca de 3 milhões de atendimentos por ano.
Todas as formas de acesso podem ser conferidas no site www.cvv.org.br. Lá também é possível se informar sobre o Posto CVV mais próximo e como se tornar voluntário. (Foto: Divulgação Itaipu)