PM do Paraná vai se livrar dos maus policiais, promete coronel
“Entre as ações desenvolvidas pela Polícia Militar, esta operação visa fazer uma assepsia no sistema. Temos o objetivo de tirar da nossa tropa policiais que apresentam esse desvio. A PM não compactua com esse tipo de conduta e sempre buscará pelo trabalho honesto e dentro da legalidade".
Esse foi o pronunciamento oficial do subcomandante-geral da PM do Paraná, coronel Rui Noé Barroso Torres, ao se pronunciar sobre o esquema que facilitava a passagem de produtos oriundos do Paraguai nas regiões Oeste e Noroeste do Estado, que levou à prisão de 14 policiais militares e um vereador de Campo Mourão nesta quarta-feira (14).
“Tivemos desde o início dos trabalhos o apoio da PM, demonstrando total transparência e que a corporação não compactua com qualquer uma das irregularidades constatadas. Sem essa integração não teríamos alcançado esse resultado", reconheceu o promotor Diogo de Araújo Lima, do Gepatria (Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Impunidade Administrativa).
A operação Força e Honra resultou de investigação desenvolvida conjuntamente pela Corregedoria Geral da PM, Batalhão da Polícia Rodoviária Estadual e pelos grupos do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de combate ao Crime Organizado) de Umuarama e Cascavel.
Segundo o comandante-geral da PM, coronel Hudson Leôncio Teixeira, alguns policiais foram flagrados de posse de dinheiro em espécie oriundo de práticas criminosas. “Bens ainda estão sendo apreendidos. Esse grupo era focado no favorecimento ao contrabando e ao descaminho no Oeste e Noroeste. Sabemos que grande parte do nosso lado efetivo é composto por excelentes policiais, mas essa operação visa valorizar os bons profissionais e proporcionar à população um melhor atendimento", detalhou.
Ele também garantiu que haverá responsabilização dos militares estaduais que foram presos. "Todo o material apreendido será periciado, os policiais militares presos serão encaminhados a um quartel da Polícia Militar, onde serão submetidos ao procedimento administrativo para apuração dos fatos, com direito à ampla defesa e ao contraditório", disse.
De acordo com o Ministério Público, há informações de que os policiais receberam propina para liberar a passagem de veículos com materiais contrabandeados e drogas. São apuradas denúncias sobre a prática dos crimes de concussão, corrupção passiva, peculato, prevaricação, falsidade ideológica, lavagem de ativos e eventual receptação. Ainda segundo as apurações, havia apropriação de mercadorias contrabandeados na falta do pagamento da propina, as quais seriam revendidas em comércios de eletrônicos e outros segmentos.
Segundo a promotora Juliana Stofella Costa, durante o curso das investigações foi constatado que os militares estaduais tinham movimentação financeira que não condizia com o salário que recebiam."Contabilizamos uma renda de aproximadamente R$ 6 milhões movimentados pelos suspeitos”, detalhou.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas residências de 36 policiais, em quatro unidades do Batalhão da Polícia Rodoviária Estadual (Maringá, Iporã, Cruzeiro do Oeste e Cianorte), em seis residências de empresários e oito empresas. As ações ocorreram em Maringá, Cruzeiro do Oeste, Umuarama, Goioerê, Campo Mourão, Paranavaí, Maria Helena, Doutor Camargo, Mandaguari, Tamboara, Nova Esperança, Uniflor, Jussara, Mandaguaçu, Marialva, Guaíra, Cianorte e Iporã. (Foto: Soldado Ismael Ponchio)