Primeiro pensar, depois falar
J. J. Duran
Os filhos do presidente Jair Bolsonaro são o conceito de um momento republicano que procura sair da pior crise da sua história. Em um estado de crise existem atores informalmente institucionalizados que integram de fato o sistema governante.
Trata-se de algo não previsto na Constituição, mas que aí estão por causas maiores ou por relação íntima com o poder. Questionados, mas respeitados, eles são a parte invisível do círculo do poder.
Toda crise dá uma grande oportunidade democrática para sacudir conceitos, formas e perfis dos personagens de boa vontade mas que, por vezes carentes de intelectualidade política, no afã de se tornarem sensores pretorianos do governo se convertem em desorientados sociopolíticos.
Dentro do círculo vermelho existente em todo poder, não reconhecido mas existente, coabitam os bons assessores que, por estratégia existencial, são os que menos falam ao público consumidor da informação oficial.
Quanto aos falastrões, a vocação de excelência e superioridade forma parte do livreto que os inibe de se tornar parte do elenco com capacidade para escutar, raciocinar e dialogar.
Ter votação de superioridade é normal entre aqueles messiânicos que atuam com praxe diferente do resto do círculo da cozinha do poder, que se consideram atores endógenos mas são produtores das gretas que diminuem a capacidade da gestão para executar o plano de governo prometido nos tempos fáceis ou turbulentos da campanha eleitoral.
A maioria da sociedade vota pela mudança na formação, metodologia e identidade ideológica de um governo, conforme clara mensagem que tem sido dada em diferentes países.
Vota naqueles que, por seu passado e pela mensagem passada no curso do embate eleitoral, se apresentem como condutores do país rumo ao futuro sempre prometido, mas nunca alcançado.
Vota naqueles que prometem criar um espaço político moralmente limpo e sem a tutela do pensamento único, de forma a criar um cenário propício para recuperar a dignidade perdida.
Nos famosos primeiros 100 dias de lua de mel com o povo, todo governante tem por obrigação desmontar o palanque para começar a tratar a todos sem distinção ideológica ou bandeira partidária.
Para isso, precisa ter em mente aquele sábio conselho que diz que "quando o tolo se cala, passa por sábio; mas quando fala, mostra ser burro".
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras